Humanos têm capacidade de perceber luz infravermelha
O olho humano é mais complexo e misterioso
do que pensávamos. Recentemente, um grupo de cientistas ficou intrigado com
lampejos de luz verde que saíam de um laser infravermelho, cuja luz deveria
estar bem longe do espectro visível.
Os cientistas investigaram o ocorrido e
descobriram que olhos humanos, de fato, percebem a luz infravermelha, mas não
da mesma forma que eles detectam as cores comuns. É mais estranho do que isso.
O estudo, publicado esta semana na
conhecida revista PNAS, sugere que isso tem a ver com duplicação de fótons.
Como funciona
A luz infravermelha tem menos energia do
que o vermelho, azul, verde ou qualquer cor que conhecemos no espectro visível,
por isso ela não pode excitar os fotorreceptores em nossos olhos.
Mas se dois fótons de luz infravermelha
atingirem o mesmo receptor, um após o outro, as suas energias se somam – é o
equivalente a um fóton de luz visível. Isso explica a cor “verde” que
cientistas viram saindo de um laser infravermelho.
Existem certos microscópios que funcionam
com base nesse mesmo princípio. Neles, dois fótons de luz infravermelha se
combinam para excitar uma molécula fluorescente em uma amostra, fazendo-a
brilhar. Os microscópios de excitação por dois fótons permitem obter imagens
nítidas de tecidos vivos sem danificá-los.
Antes, sabíamos que dois fótons poderiam
trabalhar juntos em equipamentos de laboratório, mas agora descobrimos que isso
pode estar acontecendo também em nossos olhos.
Limites da visão
Infelizmente, isso não é exatamente visão
noturna nem de Predador – porque só funciona com feixes focados de um laser –
mas pode ser bastante útil. Oftalmologistas acreditam que isso pode virar uma
nova técnica de sondar fotorreceptores do olho. E alguns biohackers, que tentam
modificar a própria visão para verem luz infravermelha, agora têm uma base
melhor na qual trabalhar.
Talvez o mais fascinante, porém, é que
isso demonstra como a visão humana pode ser enganada, vendo a cor verde onde
não devia haver nenhuma. É como se fosse uma ilusão de ótica: a mesma cor
parece diferente em contextos diferentes; linhas parecem se mover por conta
própria etc.
Nosso sistema visual está constantemente
tentando encontrar padrões nos fótons que chegam aos nossos olhos, mas nós
vemos apenas a interpretação deles, não o mundo como ele realmente é.
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