Rússia está desenvolvendo seu próprio sistema operacional móvel
A Rússia é um lugar
esquisito. Diferente da China, que embora permaneça comunista no papel, mas
abraçou o capitalismo com força, a nação dita democrática entrou numa vibe
saudosista fortíssima nos últimos anos, muito por culpa do presidente e
“ex-KGB” Vladimir Putin.
Não é novidade que suas decisões vêm sendo
vistas como uma forma de fortalecer o país e tentar resgatar a glória da Mãe
Rússia, principalmente no que diz respeito ao cenário tecnológico.
Exemplos: exigir acesso aos dados da
Apple e SAP, obrigar empresas a armazenarem dados no país, abrir mão de
processadores AMD e Intel, obrigar blogueiros e usuários de redes sociais a se
registrarem como veículos de mídia, exigir que devs mobile deem preferência ao
Tizen e Sailfish e proibir memes com figuras públicas.
A última mais uma vez mira no mercado
mobile: o governo russo não quer mais que seus cidadãos dependam de
dispositivos iOS, Android ou Windows e pretende desenvolver um SO próprio.
A meta da Rússia é depender cada vez menos
da tecnologia ocidental, criando soluções próprias. No caso da recusa em
continuar comprando computadores Intel e AMD, o país vai por sua vez se voltar
para produtos com os chips da empresa local T-Platforms. O mercado mobile é
outro que o Kremlin não quer que seja dominado por Apple, Google e Microsoft,
independente de quão bons sejam seus produtos. Embora o governo tenha
aconselhado os desenvolvedores a se voltarem para plataformas alternativas, a
verdade é que mesmo elas não serão utilizadas.
Ao invés disso o ministro das comunicações
Nikolai Nikiforo anunciou oficialmente planos para substituir o mercado de
iPhones e Androids por aparelhos baseados em um novo sistema operacional open source,
desenvolvido localmente e com base no Sailfish OS da finlandesa Jolla.
As negociações entre o governo russo e a
Jolla já estão em andamento; a ideia é reverter o quadro em que 95% do market
share russo mobile é dominado por iOS e Android, oferecendo uma nova plataforma
livre de “vigilância em massa”. Como o Sailfish é de código aberto os
desenvolvedores russos terão a liberdade de criar algo totalmente livre de
segredos — ao mesmo tempo que a Rússia poderia ela mesma vigiar os aparelhos
dos cidadãos como bem entender. E claro, com um SO próprio a Rússia espera
movimentar o cenário de desenvolvimento mobile local.
Os planos consistem em morder 50% do
mercado mobile em uma década. Eu não sei vocês mas para isso dar certo é
preciso CONVENCER O USUÁRIO de que migrar é uma boa ideia. Eu não acredito que
o governo russo deseje banir os aparelhos de seus concorrentes do país, algo
que a China, mesmo com o COS não fez.
Fonte: ZDNet.
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