Fechar sites de pirataria não funciona
Site pirata bom é site
pirata “morto“. Essa é a linha de pensamento que associações como RIAA e MPAA
defendem. Mas será que uma medida tão extrema resolve o problema da pirataria?
A Comissão Europeia fez um estudo para descobrir. A resposta é um sonoro “não”.
A gente já sabia. O Capitão Óbvio também.
Mas levantamentos como esse ajudam autoridades e a própria indústria a
compreender melhor a dinâmica do problema e, eventualmente, a buscar soluções
razoáveis para todo mundo.
Para chegar à conclusão, pesquisadores da
Comissão Europeia analisaram estatísticas referentes ao site de streaming
Kino.to. O serviço era bastante popular em certos países da Europa, mas foi
fechado pela polícia em 2011, com direito a prisões de integrantes e apreensão
de computadores.
Os analistas perceberam que, tendo como
base um grupo de 5 mil usuários alemães identificados como usuários do Kino.to,
a procura por conteúdo ilegal caiu drasticamente depois do fechamento. Mas
apenas por poucos dias.
Nas primeiras quatro semanas após o
encerramento do site, a queda no consumo de pirataria chegou a 30%. Seria um
número expressivo se essa massa de usuários tivesse migrado para serviços
considerados legais, mas a procura por plataformas legítimas aumentou apenas
2,5% no período.
A Comissão Europeia descobriu ainda que,
além de não ter ajudado a diminuir os índices de pirataria, o fechamento do
Kino.to estimulou a criação não de um, mas de vários sites alternativos.
Juntos, esses serviços passaram a atender toda a base de “órfãos” do Kino.to.
Como houve fragmentação, a identificação e o monitoramento desses sites ficaram
mais difíceis.
Os pesquisadores tomaram o cuidado de
ressaltar que a análise deve ser vista com cuidado. O levantamento não
verificou, por exemplo, se houve aumento no consumo de conteúdo em mídia física
após o fechamento do Kino.to. Mas a gente sabe bem que eles não estão errados:
se um site de download ou streaming ilegal sai do ar, outras opções aparecem.
A pirataria é um problema crônico, mas que
pode ser amenizado com a oferta de ampla variedade de conteúdo e preços
acessíveis, por exemplo. Netflix e Spotify estão aí para provar.
Mas esse é um caminho que cabe à indústria
do entretenimento trilhar. Para a Comissão Europeia, o estudo ajuda a mensurar
os efeitos das ações das autoridades no longo prazo e a estimar quão crescentes
são os custos dessas abordagens, afinal, quanto mais fragmentação houver nas
fontes de pirataria, mais recursos devem ser alocados se a estratégia de
combate ao problema não mudar.
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