Japão quer construir o sucessor do Concorde


     Nos Anos 80 quarta e domingo todos os moradores do um bairro próximo ao aeroporto se preparavam. Eram dias de janelas tremendo, som ensurdecedor e a sensação de que aquelas quatro turbinas Rolls Royce eram as mais poderosas da Terra, impulsionando o Concorde rumo aos céus.
     Era uma visão de pura beleza e poder, aquele avião de caça tamanho-família fazendo sua aproximação final para o pouso. Infelizmente o que era para ser o começo da era do transporte supersônico de passageiros foi também seu fim.
     O Concorde sempre foi caro, apertado e um incômodo diplomático. Não adianta atingir Mach 2,04 se ele só podia operar em regime supersônico sobre mar aberto. Fora isso todos os países reclamavam do estrondo sônico. Com certa razão. Mesmo em modo de decolagem ele já fazia um barulho imenso.
     Depois dele todo mundo fez planos de retomar o transporte aéreo de alta velocidade, mas não havia demanda que justificasse os investimentos. Hoje há, ainda mais se você é o Japão, onde um vôo Tóquio-NY consome boa parte de 24 h.
     A JAXA – Japan Aerospace Exploration Agency e a Fuji apresentaram um modelo de sua ideia para um avião de passageiros supersônico. Com 8 metros de comprimento e uma tonelada de peso, o bicho será testado na Suécia e pode ser a base da nova era de transporte rápido.
     O design proposto levará 50 passageiros em velocidade supersônica, fazendo 75% barulho a menos que o Concorde. Será viável? Não sei, mas em uma época onde as empresas que deveriam inovar criam aviões cada vez mais conservadores, é um alívio ver uma proposta futurista para o futuro.


     O serviço de passageiros no Concorde permaneceu sem acidentes por cerca de 24 anos, atendendo regularmente, além de Nova Iorque e Washington, as cidades de Miami, Bridgetown (Barbados), Caracas, Ilha de Santa Maria, Dakar, Bahrain, Singapura, Cidade do México e Rio de Janeiro. Ao longo destes anos, o avião rodou o mundo nas duas direções, visitando todos os continentes, exceto a Antártica. Porém, em 25 de julho de 2000, uma das unidades da Air France (Voo Air France 4590) teve um acidente fatal, causado por uma peça de um DC-10 da Continental Airlines, que se soltara na pista minutos antes, o que causou a paralisação de toda a frota francesa e britânica. Este acidente foi o começo do fim para o os voos do Concorde.
     Após o acidente, o Concorde sofreu algumas modificações, retornando ao serviço de passageiros 15 meses após. Porém, em 10 de abril de 2003, Air France e British Airways decidiram juntas encerrar os voos comerciais da aeronave. A Air France em 31 de maio de 2003 e a British Airways em 24 de outubro do mesmo ano.
     O último voo oficial foi realizado por uma aeronave da British Airways, em 26 de novembro de 2003, para Filton, sua terra natal, quando homenagens e manobras foram realizadas, como o movimento do "Bico" (levantamento e abaixamento). Logo depois seus motores foram desligados fechando um dos mais gloriosos capítulos da aviação.

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