Um pâncreas biônico para controle da diabetes
Portadores de diabetes tipo 1 precisam
lidar com uma rotina muitas vezes sofrível: receber injeções diárias de
insulina para controlar os níveis de glicose em seu organismo. Felizmente, há
várias pesquisas em andamento que tentam encontrar a cura ou pelo menos
tratamentos menos trabalhosos para a doença. Uma delas, cujos resultados foram
publicados recentemente, é bastante animadora: um “pâncreas biônico” controlado
por um smartphone.
Quando a gente fala em órgãos artificiais
ou biônicos, imediatamente pensamos em transplantes, mas não é o caso aqui:
desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Boston e do Hospital Geral de
Massachussets, a técnica é uma forma automatizada e muito menos incômoda de
fazer aplicações de insulina. E o melhor de tudo: não se baseia em equipamentos
altamente sofisticados ou futuristas.
A associação ao pâncreas não chega a ser
exagero: na diabetes tipo 1, o sistema imunológico do indivíduo ataca as células
do órgão que são responsáveis pela produção de insulina, hormônio responsável
pelo controle da glicemia, a taxa de glicose no sangue.
O tratamento começa com uma agulha fina
que é implantada debaixo da pele, na região do abdômen, e se comunica com um
sensor responsável por medir constantemente os níveis de glicose. Estas
informações são então enviadas a um iPhone 4s (mas pode-se usar outros
smartphones) e analisadas em tempo real por um aplicativo específico.
Por meio desta análise, o app verifica se
a pessoa está precisando de aplicações. Quando positivo, duas pequenas bombas
de infusão que fazem parte do aparato são acionadas, uma contendo insulina, a
outra, glucagon. Para ter análises mais precisas, o usuário pode ainda informar
ao app quais alimentos ingeriu em suas refeições recentes.
Note que tudo acontece de maneira
automática, ou seja, a pessoa não precisa parar o que está fazendo para
realizar aplicações com seringas. Mas, será que a ideia realmente funciona?
Para o estudo, 20 adultos e 32
adolescentes com diabetes tipo 1 (indivíduos com menos de 30 anos são mais
suscetíveis à doença, daí o número maior de jovens) receberam os kits e foram
acompanhados de maneira ininterrupta durante cinco dias.
Os resultados foram tão positivos que
alguns participantes chegaram a pedir para continuar utilizando o pâncreas
biônico (mas não puderam). Além do desconforto expressivamente menor, os
pesquisadores constataram que o tratamento controlou os níveis de glicose se
maneira mais precisa, inclusive em relação às caras bombas disponíveis
atualmente que fazem este procedimento.
Apesar de todo o positivismo gerado, muito
trabalho ainda precisa ser feito para a pesquisa se transformar em um
tratamento reconhecido. Os cientistas precisam entender melhor os efeitos da
aplicação de glucagon no longo prazo, por exemplo.
É claro que o ideal é encontrar uma cura
para a doença, os próprios pesquisadores reconhecem isso. Mas, enquanto ela não
vem, nada mais coerente do que investir no que está mais próximo da realidade:
tratamentos que causam o mínimo de transtorno possível.
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