Marcapasso feito de células cardíacas
Cardiologistas de Los
Angeles (EUA) desenvolveram uma técnica de terapia genética que permite
transformar células dos músculos do coração em células que regulam os
batimentos cardíacos de porcos.
O procedimento, descrito na Science
Translational Medicine, restaurou os batimentos cardíacos dos porcos a níveis
normais por duas semanas, no lugar do marcapasso que eles utilizavam. O
procedimento pode vir a ser a solução para pessoas que enfrentam infecções após
o implante de marcapassos tradicionais.
Eduardo Marbán, cardiologista no
Cedars-Sinai Heart Institute e autor líder do estudo, falou à imprensa:
“Nós conseguimos criar um marcapasso
biológico pela primeira vez, utilizando métodos pouco invasivos, provando que
esse novo marcapasso resiste às demandas do dia-a-dia.”
Os pesquisadores injetaram um gene chamado
Tbx18 no coração dos porcos. Esse gene, também encontrado em humanos,
reprogramou um pequeno número de células do músculo cardíaco, transformando-as
em células que emitem impulsos elétricos e normalizam o batimento cardíaco.
A área em que essa mudança ocorreu é
mínima, aproximadamente do tamanho de uma pimenta preta, e não é onde os
batimentos cardíacos são iniciados normalmente. “Nós conseguimos que o
marcapasso biológico começasse a funcionar em 48 horas”, afirmou Marbán. Para
levar o gene até o coração, os pesquisadores utilizaram um cateter que
introduziu um vírus modificado no ventrículo direito. O vetor viral não é daninho
por que o vírus utilizado foi modificado para não se reproduzir.
Os porcos que receberam a terapia genética
tiveram uma melhora no batimento cardíaco, permitindo uma dependência mínima do
marcapasso mecânico usado como backup. Já nos porcos que não foram submetidos
ao procedimento o marcapasso foi responsável por 40% dos batimentos, uma
diferença considerável.
O batimento cardíaco dos porcos manteve-se
estável por duas semanas, mas os pesquisadores não acreditam que esse seja um
limite, baseados nos resultados não publicados ainda da pesquisa.
Ira Cohen, eletrofisiologista na Stony
Brook University de Nova Iorque, afirma que a importância do estudo consiste na
utilização de cobaias de grande porte e também se diferencia por ser o primeiro
que não utiliza células-tronco.
O objetivo do trabalho não é substituir
completamente os marcapassos tradicionais e sim servir de alternativa
temporária enquanto pessoas que sofreram infecções esperam pela troca de seus
equipamentos. Atualmente é utilizado um marcapasso temporário, mas ele
representa outro risco de infecção também.
Os pesquisadores esperam testar a terapia
em humanos dentro dos próximos três anos. Não se sabe ainda o custo desse
tratamento, mas Marbán espera que ele seja expandido a todas as pessoas que
precisam de marcapasso.
Fonte: The Verge
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