o Cesário

     Quando a gente era pivete, a gente jogava bola no terreno na frente da nossa casa, no Boulevard João Barbosa, onde depois foi a fábrica de refrigerantes Del-Rio. Como toda bola normalmente furava, o papai costumava consertar para nós . Isto se a bola fosse de borracha. O método era simples: Aquecia uma faca no fogão e derretia um pouco a borracha ao redor do furo até vedá-lo. Agora, quando a bola era um balão de couro, a gente tinha que recorrer ao Cesário. O Cesário era uma figura esquálida e de hábitos esquisitos que morava numa casa antiga e escura, de jardim lateral, na Rua do Menino Deus, acho que vizinho ao Seu Joaquim Dias. Ele nunca saía de casa e quase não aparecia. Ele só abria a janelinha de venezianas, um espaço de uns quatro dedos, só o suficiente para receber a bola. Marcava o dia da volta e fechava a janela novamente. Seu serviço era impecável e a costura parecia de fábrica. Depois que esquecemos a bola, esquecemos também do Cesário, figura que tão útil foi para nós

Comentários

MUNIZ disse…
NÓS TAMBEM DA RUA DA fORTALEZA RECORRIAMOS A ELE, ERA ESQUISITO MORAR SÓ, HJ É NORMAL....

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