Violinista é operado da cabeça, enquanto toca seu instrumento
O Tremor Essencial é de
longe a doença neurológica mais comum, afetando 4% das pessoas na faixa dos 40
anos, embora possa aparecer em qualquer idade. Não é horrorosa como o
Alzheimer, mas é um incômodo. Em essência, o Tremor Essencial se caracteriza por
um tremor em um ou mais músculos específicos. Pode ser um tique nervoso, a mão,
cordas vocais, (quando então o sujeito
só consegue cantar em vibrato, também chamado A Maldição do Sertanejo). A
doença é progressiva, tem origem genética em alguns casos e ambiental em
outros, embora como sempre nesse tipo de problema, ninguém saiba direito.
Um dos métodos para controlar o Tremor
Essencial é através do consumo de álcool — a origem e solução de todos os
problemas, mas em alguns casos nem Vodca, nem botox, nem betabloqueadores
resolvem. Foi o que aconteceu com Roger Frisch, violinista americano.
Diagnosticado em 2008 ele tentou de tudo,
mas suas mãos continuavam tremendo. Sua carreira havia chegado ao fim. A última
opção era a chamada Estimulação Cerebral Profunda, que consiste em enfiar um
eletrodo no fiofó do cérebro, direto no centro motor da área bugada, emitir
sinais elétricos e abafar o ruído que causa o tremor.
Por si só já é um procedimento complicado,
mas no caso de Roger é pior ainda. O grau de precisão que sua arte demanda
exigiria que o neurocirurgião achasse o ponto preciso para anular os tremores,
e por mais que neuros se considerem Deus, não gostam de ter Sua onisciência
desafiada.
Entra na história a equipe da Clínica
Mayo, que tem uma idéia: já que não sabemos o ponto exato, vamos futucar o
cérebro do Roger, no melhor estilo tiozão instalando antena: “tá bom?” “Pra
direita!” “volta, volta…”.
Eles interfacearam um acelerômetro no arco
do violino de Roger, ligado a um terminal de computador, que mostrava os
menores micro-tremores da mão do artista. Enquanto Roger tocava, os médicos
operavam seu cérebro, identificando os pontos onde o estímulo gerava melhor
resultado. Feito isso, é só fechar o coco, passar uma fita crepe, puxar o
controle remoto e partir pro abraço.
A cirurgia foi um sucesso absoluto, e
graças a cientistas com muita criatividade e nenhum medo de pensar fora da
caixa (craniana) uma carreira de talento se salvou. Veja o vídeo. A parte mais
impressionante é quando Roger desliga o estimulador e sua mão começa a tremer
descontroladamente.
É lindo, um clique e ele deixa de ser um
sujeito com uma justa aposentadoria por invalidez e volta a ser um artista de
talento em pleno domínio de suas habilidades.
Veja o vídeo da cirurgia:
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