Cientistas descobrem maneira de apagar memórias ruins
Um
dos principais motivos do sucesso do filme “Brilho eterno de uma mente sem
lembranças” é que todos nós temos momentos de nossa vida que gostaríamos de
apagar. Todo mundo tem más lembranças de alguma coisa. Poder entrar em uma
clínica médica e simplesmente deletar essas recordações soa como algo
fantástico e inconcebível. Mas os cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps,
no Campus da Florida, conseguiram fazer algo similar em um rato.
Para entendermos um pouco mais o andamento
deste tipo de estudo, farei aqui uma referência a outro projeto, do MIT, que
conseguiu implantar memórias em um cérebro de um roedor. Agora ele pensa que é
absurdamente inteligente e precisa dominar o mundo. Mentira. Mas os
neurocientistas do MIT identificaram as células nais quais os traços de memória
são armazenadas no hipocampo do rato e inseriram lá uma estrutura que fez o
animal se lembrar de algo que nunca lhe aconteceu.
Já os pesquisadores da Uppsala University,
que fica na Suécia, conseguiram remover memórias emocionais de cérebros
humanos, em situações recentes de estresse. Mas só em situações recentes.
Fato é que o conceito de memória e o
funcionamento do cérebro ao salvar as informações às quais somos expostos é
algo que vem fascinando os cientistas há anos. Os profissionais do Instituto de
Pesquisa Scripps estavam procurando um método de exclusão de memória seletiva
pelo potencial que isso pode trazer. Veja: o desejo por drogas, por exemplo,
pode ser ativado em coisas simples como ver uma nota de dinheiro ou sentir o
cheiro do cigarro. Para alguns fumantes, o gosto do café pede um trago logo em
seguida.
Durante o processo do estudo, os
pesquisadores viciaram um grupo de ratos em Metanfetamina [insira sua
referência à Breaking Bad aqui], e os treinaram a associar o uso da droga com
certas recompensas sensoriais. Por exemplo, toda vez que um indivíduo do grupo
comia queijo, ele começava a sentir a necessidade de uma dose da substância.
“Tá, mas como que os cientistas bloquearam
a memória?” – calma. Muita coisa acontece quando uma memória é produzida e
armazenada, mas a primeira reação que acontece envolve uma proteína chamada
Actin. Explicando de uma forma bem simples, essa proteína cria uma cadeia de
moléculas durante a formação da memória. Os cientistas bloquearam esta ação
para o registro específico, o que fez com que o rato se esquecesse da associação
de certas coisas com o vício da droga. E funcionou! O roedor provou em testes
que as coisas que causavam sua busca frenética pela droga, deixaram de ter este
tipo de influência. As outras memórias do rato continuaram intactas.
Sim, eu sei, não é tão simples quanto
dizer que podemos entrar em um consultório e pedir ao médico que remova as lembranças
de um relacionamento mal resolvido ou coisas que te remetem a uma ex-namorada
ou um ex-namorado, mas o estudo mostrou grande valor a curto prazo na luta
contra o vício em substâncias nocivas, como drogas químicas, álcool,
comportamentos prejudiciais e, quem sabe, até mesmo coisas mais pesadas.
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