Ciência: Perda de memória associada à proteína
Uma nova proteína no cérebro
que provoca perda de memória relacionada com a idade foi identificada por
pesquisadores norte-americanos. A descoberta pode conduzir a novos tratamentos
para reverter a perda de memória.
Para os pesquisadores a perda de memória
relacionada com a idade é uma doença independente da doença de Alzheimer,
tendo-os levado a procurar a verdadeira causa da perda de memória associada à
idade
Para tal, a equipa liderada pelo Nobel da
Medicina Eric Kandel da Universidade de Columbia utilizou ratos de laboratório
e oito cérebros humanos doados à ciência para descobrir que um gene designado
RbAp48 estava ligado ao tipo de perda de memória associada com o
envelhecimento.
Eles descobriram que a quantidade de
proteína produzida pelo gene é quase 50% menor nos cérebros mais velhos
comparativamente aos mais novos. As alterações no RbAp48 foram as mais
significativas observadas entre todos os 17 genes que parecem conduzir a
mudanças relacionadas com a idade numa parte do hipocampo conhecido como giro
denteado.
Nas experiências feitas com os ratos, os
cientistas descobriram que ao desligar a proteína nos ratos mais novos eles
ficavam esquecidos, enquanto o reforço da proteína nos mais velhos aumentava a
memória dos mesmos.
“Ficamos surpreendidos por ver que aquele
aumento não só melhorou a memória dos ratos, como levou a um desempenho
semelhante ao dos ratos mais novos”, disse o coautor do estudo Elias
Pavlopoulos. A descoberta fornece a primeira evidência molecular da diferença
entre a perda de memória relacionada com a idade e a doença de Alzheimer,
acrescentaram os investigadores.
Kandel, que ganhou o prêmio Nobel em 2000
pelo seu trabalho sobre a base fisiológica do armazenamento de memória nos neurônios,
considerou “muito encorajador” o fato de os cientistas terem sido “capazes de
reverter a perda de memória relacionada com a idade nos ratos”.
“Os nossos resultados têm um forte
potencial para serem transformados em novas terapias”, reforçou Pavlopoulos. O
estudo foi publicado na passada quarta-feira na revista científica Science
Translational Medicine.
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