A aeronave do futuro chegou


     
     No passado o homem olhava para o céu e esperava encontrar balões gigantes em vez de aviões voando. O desastre de Hindenburg colocou um fim a esses sonhos. Mas quase um século depois, uma empresa pode finalmente ter descoberto como construir um dirigível adequado para o século 21. Só não chame-o de dirigível.
     Este dirigível rígido, apelidado de Aeroscraft, difere fundamentalmente do, digamos, dirigível da Goodyear. Dirigíveis, por definição, não contam com estrutura interna e mantém a forma apenas com a pressão do gás que eles contêm; quando o gás escapa, eles esvaziam como os balões gigantes que no fundo eles são. Aeronaves rígidas, como os antigos zepelins, mantém a forma apesar da pressão de gás graças a uma estrutura interna esquelética – o Hindenburg usava madeira altamente inflamável, enquanto o Aeroscraft é feito de alumínio e fibra de carbono – e mantém a flutuabilidade com uma série de bexigas cheias de gás. E ao contrário de aeronaves híbridas, o Aeroscraft não precisa de impulso para gerar a sustentação através de um conjunto de asas. É o poder do hélio.

     O Aeroscraft está sendo desenvolvido pela Aeros Corp, a maior fabricante mundial de aeronaves e dirigíveis, desde 1996. O projeto recebeu mais de US$ 35 milhões em financiamento de pesquisa e desenvolvimento e o governo até emprestou à empresa alguns engenheiros da NASA para ajudarem a desenvolver a aerodinâmica e os sistemas de controle. Com o lançamento bem-sucedido de um protótipo, o Pelican, no último final de semana, o investimento parece ter compensado. O futuro da viagem mais leve que o ar parece estar perto de nós.


     Com mais de 80 metros de comprimento e 30 metros de largura, o protótipo Pelican tem quase a metade do tamanho que um Aeroscraft completo terá. Se o projeto for concluído, o Aeroscraft terá mais de 120 metros de comprimento e será capaz de carregar mais de 60 toneladas
     Diferentemente de dirigíveis que mantém uma flutuabilidade constante e contam com lastro e ventiladores para ajustar a sua altitude, o Aeroscraft vai usar um sistema de bexiga único que pode alterar o seu peso estático (em relação ao ar) apelidado COSH (da sigla em inglês para Controle de Peso Estático). O sistema realmente funciona de forma bem parecido com a forma como submarinos usam o ar comprimido para flutuar.
     O Aeroscraft é equipado com uma série de tanques de hélio pressurizado. Quando o piloto quer aumentar a altitude, o hélio não-inflamável é liberado dos tanques através de uma série de canos e válvulas de controle, para bexigas de gás internas chamadas envelopes de hélio pressurizado (HPE). Isso aumenta a quantidade de sustentação que o hélio gera, reduz o preso estático da nave, e permite que ela suba. Quando o piloto quer descer, o processo é revertido. Isso permite que o Aeroscraft aterrisse facilmente e pegue passageiros ou carga sem precisar ser amarrado ou de um lastro externo. Além disso, o Aeroscraft vai ser equipado com um trio de motores – um em cada lado e um terceiro na sua barriga – e seis motores turbofan para fornecer impulso e aumentar a flutuação do COSH, assim como para lemes aerodinâmicos e superfícies de controle de asas, para viagens em alta velocidade – isso é, acima de 30km/h. Ah, ele vai chegar lá, só vai demorar um pouco.
     Mas o governo dos EUA não liberou US$ 35 milhões apenas para a criação do melhor balão do mundo. A tecnologia está sendo desenvolvida para ocupar um papel vital no mundo moderno: entrega de carga sem a necessidade de pista de decolagem. Levar quantidades modestas de suprimentos e pessoas para áreas remotas de avião pode ser um pesadelo: ou você precisa encontrar uma pista de pouso ou preparar para-quedas. Existem muitos lugares do mundo que são simplesmente inacessíveis para aviões convencionais. Isso não deve acontecer com o Aeroscraft.
     Com uma capacidade proposta de carregar mais de 60 toneladas e sem a necessidade de uma pista de pouso, essas aeronaves podem ser capazes de levar qualquer coisa para qualquer parte do mundo. A carga pode ser carregada internamente no Aeroscraft ou ser transportada abaixo do dirigível usando um sistema desenvolvido pela empresa, que automaticamente equilibra a carga suspensa para evitar que ela oscile e cause acidentes com o dirigível.
     O Pelican voou com sucesso no último domingo, mas ele fez isso sob alguns cuidados. O seu primeiro voo livre deve acontecer nas próximas semanas. A empresa espera produzir um trio de modelos do Aeroscraft: o ML866 com capacidade de 60 toneladas, o ML868 de 220 toneladas e o ML86X de 450 toneladas. Existe até discussões de transformá-los em hotéis flutuantes para viagens ao redor do mundo em 80 dias.


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