Pesquisadores estão desenvolvendo tela que dispensa os óculos em míopes
Daqui a alguns anos,
assistir à TV ou enxergar o que aparece no smartphone sem óculos não vai mais
ser uma tarefa torturante para quem sofre de miopia ou condições relacionadas,
pelo menos no que depender do MIT: um grupo de pesquisadores da instituição
está desenvolvendo um tipo de tela capaz de ajustar a exibição de seu conteúdo
para que o usuário possa vê-la corretamente sem lentes corretivas.
A miopia está entre as doenças oculares
mais comuns. Nela, a luz que entra no olho não é focalizada na retina, mas um
pouco antes dela, fazendo com que seu portador não consiga enxergar
corretamente objetos que estão longe.
Como consequência, a pessoa vê o conteúdo
da TV ou de uma placa de trânsito, por exemplo, de maneira borrada, mesmo que o
objeto esteja a distâncias curtas - um ou dois metros, por exemplo. Em muitos
casos, o indivíduo só consegue enxergar corretamente um item em suas mãos se os
aproximar de seus olhos.
O tratamento mais comum para o problema é
o uso de óculos ou lentes de contato que ajudam a direcionar o foco da luz para
a retina. Na pesquisa que está sendo conduzida pelo MIT, a tela é capaz de
dispensar estes itens ao fazer ela mesma os ajustes necessários para corrigir a
focalização.
Para isso, um conjunto de algoritmos altera
parâmetros de cada um dos pixels da tela para que seus raios de luz, ao passarem
pelos furos de um filtro especial posicionado em frente ao painel, atinjam
corretamente a retina quando chegarem aos olhos do usuário.
Os pesquisadores explicam que a tecnologia
visa se antecipar à forma como os olhos, por conta da miopia, distorcem a
informação visual. Para tanto, os algoritmos precisam ser ajustados para
trabalhar de acordo com as necessidades individuais do usuário, uma vez que a
miopia se manifesta de maneira diferente em cada pessoa.
O professor Ramesh Raskar, um dos
cientistas responsáveis pelo projeto, acredita que a tecnologia poderá ser
modificada para trabalhar com mais de uma pessoa se a tela tiver uma resolução
altíssima. Mas, obviamente, o objetivo de agora é fazer com que a técnica
funcione na sua forma mais simples.
Para chegar à fase atual, os pesquisadores
utilizaram uma câmera DSLR para simular a focalização dos olhos de uma pessoa e
um iPod touch com um filtro na tela para exibir imagens.
Nos testes, os algoritmos conseguiram
fazer o dispositivo mostrar um balão colorido e um autorretrato de Vincent Van
Gogh corretamente ao compensarem a distorção criada na câmera.
Ainda há muito trabalho a ser feito para
que a ideia possa ser testada de maneira efetiva em pessoas. Hoje, a técnica
exigiria que o indivíduo ficasse com os olhos parados para funcionar, uma
exigência impraticável: movimentamos a cabeça naturalmente por uma série de
razões, inclusive para ajustar o foco quando uma imagem não nos parece clara.
Os pesquisadores esperam que, em uma fase
mais avançada, o software da pesquisa consiga acompanhar os movimentos oculares
para ajustar os parâmetros da tela em tempo real e, assim, contornar esta
limitação.
Vale dizer que, se conseguir chegar a um
nível suficientemente “maduro” de desenvolvimento, a tecnologia poderá ser
usada para compensar também outras condições oculares comuns, como a presbiopia
(visão cansada) e a hipermetropia (dificuldade para enxergar objetos próximos).
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