Pesquisadores criam lentes de contato com zoom
Lentes de contato foram inventadas para
corrigir problemas como miopia ou para mudar artificialmente a cor dos olhos,
por exemplo. Mas, e se você pudesse ter lentes de contato capazes de dar zoom e
aumentar o alcance da sua visão, tal como é possível com as câmeras? Pois saiba
que, por mais que a ideia pareça surreal, já há gente trabalhando nisso.
Um grupo de pesquisadores dos Estados
Unidos apresentou recentemente um trabalho referente a lentes que podem fazer
aproximação do campo de visão em um nível equivalente ao zoom óptico de 2,8x de
uma câmera DSLR com objetiva de 100 mm. O interessante é que eles conseguiram
este feito em lentes com espessura de 1,17 mm – na fase inicial da pesquisa, as
lentes tinham a inviável grossura de 4,4 mm.
E como estas lentes funcionam? De maneira
bastante complexa, como você já deve ter presumido, mas é possível compreender
as suas características essenciais: basicamente, a luz da informação visual a
ser ampliada passa pelas bordas das lentes e é capturada por minúsculos
espelhos de alumínio existentes nelas; estes espelhos funcionam de maneira
conjunta para dar zoom e refletem a luz em até quatro feixes que são, por fim,
direcionados aos olhos.
A luz, precisamente falando, vai parar na
borda das retinas e o cérebro interpreta a imagem como se, de fato, a pessoa
estivesse próxima do objeto, ou seja, o indivíduo não tem, necessariamente, a
sensação de estar vendo uma imagem ampliada.
De acordo com os pesquisadores, a
qualidade da imagem tende a ser muito boa. Isso é possível porque, além de
efetuar o zoom em si, o sistema de espelhos tem outra função importante:
corrigir os efeitos de “aberração cromática”, que podem dar um aspecto bastante
desagradável à imagem.
Para que a pessoa possa alternar entre
visão normal e ampliada, os pesquisadores aplicaram um filtro polarizador na
parte central das lentes – esta é “normal”, ou seja, não possui qualquer
mecanismo de zoom. O usuário deve então colocar óculos para TV 3D adaptados;
por meio do filtro, as lentes identificam o estado de polarização determinado
para os óculos e mudam seu modo de funcionamento de maneira correspondente.
Na verdade este projeto visa uma causa
muito nobre: melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem de degeneração
macular.
Esta enfermidade é resultado de alterações
na mácula – a parte central da retina – que acabam fazendo com que o indivíduo
perca a visão progressivamente. Por afetar justamente este ponto, a pessoa
passa então a enxergar somente pelas “bordas” do seu campo de visão.
Acontece que as áreas periféricas não são
tão boas quanto a parte central dos olhos na identificação de detalhes. Com o
zoom aplicado pelas lentes, a pessoa passa então a ter um nível de definição
maior nas laterais, conseguindo distinguir informações que, pela natureza
destas regiões, até então não seria possível, como letras pequenas em uma
revista, por exemplo.
O projeto ainda está em fase experimental,
portanto, não há qualquer previsão precisa no que diz respeito a quando e se
estas lentes chegarão ao mercado. Mas é sempre bom ver ideias inusitadas sendo
trabalhadas para finalidades tão importantes.
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