Ciência - Um grande avanço contra o Mal de Parkinson
As doenças degenerativas
estão entre as mais cruéis respostas da Natureza ao discurso simplista de que o
homem é o ápice da criação, perfeito e acabado.
Nossa coluna é um lixo, mal-adaptada para
andar ereto. Nossa visão é um verdadeiro pato, faz tudo mal, e nosso sistema
imunológico é uma coleção de gambiarras que funciona bem mas se torna
suscetível a milhares de doenças autoimunes, exceto Lúpus.
A complexidade do nosso cérebro não o
preparou para durar muito, os avanços científicos aumentaram a longevidade e o
resultado foram doenças praticamente inexistentes nos bons e velhos tempos onde
todos morríamos com 30 anos, sem nem precisar ir pro Carrossel. Alzheimer,
Parkinson, Demência e tantas outras, que destroem a qualidade de vida matando
nossa mente.
Parkinson é particularmente cruel, pois
vai minando o controle motor, afetando inclusive fala, respiração e músculos
associados com a digestão. Não há cura e o prognóstico é piorar, mas a
medicação consegue estabilizar os piores sintomas na grande maioria dos
pacientes. Outros, quando não reagem aos remédios ou já estão em um estágio
avançado, eram obrigados a conviver com a doença.
A situação era tão desesperadora que
pesquisas com pacientes humanos foram liberadas, cirurgias experimentais foram
feitas e em 2002 o FDA aprovou o uso de Estimulação Cerebral Profunda para
tratamento de Parkinson.
A cirurgia não é nada trivial, envolve
introduzir (epa!) eletrodos em áreas profundas do cérebro, ligando-os a um
marcapasso cerebral que monitora a atividade elétrica e envia impulsos para
anular os sinais motores descontrolados. Os resultados foram impressionantes, e
é até uma bela lição de humildade o cérebro humano, a estrutura mais complexa
do Universo conhecido, ser enganado por uns choquinhos.
Neste vídeo, Andrew Johnson, paciente do
pior tipo de Parkinson, aquele que surge com o sujeito ainda jovem, demonstra
seu implante. É assustador ver como imediatamente após desligar o marcapasso
seu cérebro entra em colapso e começa a mandar sinais aleatórios pra
musculatura. Qualquer pessoa com um mínimo de compaixão pensa “ok, chega, liga
de novo, LIGA DE NOVO!”
Não é uma cura. Não sabemos o que causa
Parkinson, e na verdade não sabemos sequer os detalhes do funcionamento da
Estimulação Cerebral Profunda, só sabemos que funciona, e garante qualidade de
vida para gente que, 20 anos atrás estaria considerando seriamente eutanásia.
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