Ciência - Exame de sangue determina as chances de você ter Alzheimer
Em uma das subtramas do
seriado House a personagem de Olivia Wilde vivia com o fantasma de ter herdado
da mãe o gene causador da Huntington. É uma doença nerodegenerativa especialmente
ruim, que se manifesta em geral depois dos 30, causa problemas cardíacos,
pulmonares, neurológicos e psiquiátricos. Ao final de uma vida bem mais curta o
portador acaba desenvolvendo demência. Não é nada bonito.
Huntington não tem cura, mas é
identificável através de exame genético. Um dos dilemas da personagem era
testar ou não, sabendo que tinha 50% de chance de ter o gene defeituoso. Esse
dilema é real e pais com Huntington passam por isso todo dia.
Agora um dilema pior ainda surgiu, cortesia
da ciência. Envolve Alzheimer, uma doença degenerativa na qual a mente da
pessoa vai se esvaindo, pouco a pouco. Talvez seja a mais cruel, pois os
pacientes muitas vezes têm momentos de clareza, para em seguida esquecer até da
existência dos entes queridos.
Um estudo da Universidade de Georgetown,
Washington acompanhou 525 pessoas acima de 70 anos durante 5 anos, coletando e
examinando seu sangue. Desses, 28 desenvolveram Alzheimer. De posse dessas
dados os cientistas compararam os exames e determinaram alterações na
concentração de 10 lipídios no sangue dos doentes.
Voltando no tempo, verificaram os
resultados antes do aparecimento dos primeiros sintomas e descobriram que as
alterações nos lipídios antecediam em pelo menos 3 anos a doença detectável por
meios normais.
Isso com uma precisão de 96%.
Os pesquisadores querem aumentar o estudo,
com mais pacientes por mais tempo, esperam produzir um exame que determine com
décadas de antecedência se o sujeito terá Alzheimer. Eu, sinceramente, prefiro
não saber.
Viver com o conhecimento de que você será
alvo de uma doença degenerativa incurável? Sua única esperança ser uma
descoberta revolucionária, antes que chegue sua vez? Não quero isso. Minha
geração viveu o final da poliomielite. Por muito tempo tive pesadelos vendo
crianças da minha idade andando cheias de braçadeiras de metal e muletas, por
terem tido o azar de não se vacinar a tempo.
Eu acredito que seja uma questão de tempo.
Conquistamos a pólio, erradicamos a varíola, usamos feixes de prótons para
matar câncer e consertamos DNA defeituoso em mitocôndrias, literalmente
eliminando doenças genéticas de crianças que ainda são um aglomerado de
células. Um dia Alzheimer será apenas uma lembrança ruim, mas não quero que
isso se torne uma contagem regressiva.
O teste foi muito bem recebido pela
comunidade científica, pois uma das esperanças é que seja possível deter o
Alzheimer quando ainda está no começo. Vários estudos começarão a ser feitos
ainda em 2014, inclusive com drogas bem promissoras, que podem ser eficazes se
administradas em estágios iniciais, até então indetectáveis.
Fonte: Meio Bit
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