A imigração italiana para o Brasil

                       (Os Emigrantes, de Antonio Rocco, 1910)


     O movimento de migração em massa na Itália começou por volta de 1860, quando os italianos se mudavam para outros países europeus. Uma década depois, eles começaram a migrar para a América, principalmente para os Estados Unidos, Argentina e Brasil. A crise vivida pela Itália e a idéia de que o Novo Mundo poderia oferecer uma vida melhor, motivaram muitos cidadãos a migrarem. Do início do século XIX até a década de 30, dez milhões de italianos deixaram o país.
     No Brasil, por volta de 1870, havia denúncias sobre a chegada de imigrantes ilegais de várias nacionalidades, inclusive italianos. A princípio, as críticas eram com relação aos custos gerados por eles. Logo, porém, a falta de iniciativa do governo para ordenar a questão passou a ser o ponto mais debatido. Já surgiam correntes que defendiam a regulamentação da imigração.
     Em 1875 o governo brasileiro oficializou a vinda de imigrantes. Homens e mulheres de mais de 60 países desembarcavam em busca de uma vida melhor. Muitos se estabeleciam na então Província de São Paulo, mas a maioria dos italianos se dirigia para o sul do País.
     O primeiro italiano a ser registrado no antigo serviço de imigração da rua Visconde de Parnaíba foi Caetano Pozzi, que desembarcou no porto de Santos em 17 de janeiro de 1882 junto com seus parentes e outras 5 famílias vindas da Itália. Pozzi chegou ao Brasil com 30 anos e foi para o interior de São Paulo. Ele morreu em 1929 deixando 76 netos.
     Mas só em 1888 a imigração italiana para o Brasil foi oficializada. Brasil e Itália firmaram convênio para a vinda de imigrantes daquele país. O fazendeiro e deputado Martinho Prado Júnior e o Visconde de Parnaíba foram importantes para que as duas nações firmassem acordo.
     No Brasil, o interesse em receber mão-de-obra era grande. As lavouras de café se expandiam e os movimentos abolicionistas culminaram, justamente em 1888, com a abolição da escravatura. Na época, muito se discutia sobre como substituir o trabalho escravo.
     Uma das possibilidades cogitadas foi a importação de chineses, os "coolies", mas a idéia foi abandonada. Seria apenas uma nova forma de escravidão. Por fim, a imigração espontânea de europeus, principalmente italianos, foi a solução encontrada para o problema da mão-de-obra.
     Ficou acertado que, os italianos que viessem para o Brasil, poderiam se dedicar à sua especialidade. O governo italiano incentivava a migração, inclusive subsidiando a viagem. Os desempregados tinham prioridade para embarcar.
     O Brasil, em contrapartida, prometia aos imigrantes um lote de terra e bons salários. Não demorou para que os recém-chegados se decepcionassem. A viagem de até 30 dias da Itália para o porto de Santos era muito ruim. Os imigrantes vinham na terceira classe, nos porões dos navios. Havia superlotação, a comida era ruim e não havia assistência médica. Muitos morriam ainda na viagem.
     No início, o governo recebia os imigrantes em alojamentos provisórios. Em 1882 foi inaugurada uma hospedaria, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Mas o local era pequeno e lá proliferavam doenças. Foi necessário começar a construir um novo local que atendesse à demanda de estrangeiros.

Curiosidades:

- De 1870 a 1920, o Brasil recebeu cerca de 1,5 milhão de imigrantes italianos. Só para o Estado de São Paulo vieram 965 mil, ou seja, quase 70% do total.
- De acordo com dados da biblioteca do Memorial do Imigrante, de 1880 a 1889 o Estado de São Paulo recebeu 144.654 italianos. Só em 1888 vieram para o Estado 91.826 imigrantes, destes, 80.749 italianos.
- Em 1889 já se falava em excesso de imigrantes no País.
- Em 1890, a cidade de São Paulo registrou a chegada de aproximadamente 64 mil imigrantes da Itália.
- Durante a Segunda guerra (1939 a 1945) o governo italiano suspendeu a imigração subsidiada.
- No início do século, circulavam em São Paulo quatro jornais em italiano.
- Acredita-se que houve um tempo em que o idioma mais falado em São Paulo era o italiano.
- Estima-se que ainda hoje São Paulo possua a terceira maior colônia italiana, depois de Nova York e Buenos Aires.
- Dados de 2000 da Embaixada da Itália apontam a presença de 25 milhões italianos e descendentes no Brasil.
- O Estado de São Paulo abriga hoje 6 milhões italianos e descendentes, segundo estimativa do Consulado Italiano.

(trabalho elaborado por Carolina Martinelli Massaro)

     No final do século XIX e início do século XX, as ideias de darwinismo social e eugenia racial tiveram grande prestígio no pensamento científico mundial. Na medida em estas ideias eram aceitas e divulgadas pela comunidade científica nacional, o imaginário social e político brasileiro passou a considerar que os brasileiros eram incapazes de desenvolver o país por serem, em sua grande maioria, negros e mestiços. A política de imigração passou então a ser planejada não apenas com o propósito de suprir a mão-de-obra necessária ou de colonizar territórios pouco ocupados, mas também para "branquear" a população brasileira. Neste projeto social, negros e mestiços iriam paulatinamente desaparecer da população brasileira por meio da miscigenação com as populações de imigrantes europeus. (Wikipedia)

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