Droga cala mais uma voz
A cantora e atriz Whitney Houston morreu neste sábado, aos 48 anos, em Los Angeles, em um quarto de hotel em Beverly Hills. As causas ainda estão sendo investigadas.
Sua imagem serena, que combinava com sua voz majestosa, foi destroçada por relatos de abuso de drogas nos anos finais de sua carreira.
Whitney nasceu com genes musicais fora do comum: era filha da cantora gospel Cissy Houston, prima da diva pop Dionne Warwick e afilhada de Aretha Franklin.
Aos cinco anos, Whitney começou a cantar música gospel em uma igreja batista. Também passou sua juventude fazendo o backing vocal para artistas como Chaka Khan, Lou Rawls e para sua própria mãe.
Foi descoberta em uma casa noturna de Manhattan, Nova York, por um executivo da Arista Records, Clive Davis. Aos 19 anos, ela foi praticamente recrutada na hora pela gravadora.
Sua poderosa voz também lhe rendeu sucessos em Hollywood. Em 1992, ela estrelou "O Guarda-Costas", filme lucrativo que novamente a colocou no topo das paradas com a canção-tema I Will Always Love You, originalmente de Dolly Parton.
Mas seu papel de estrela da música em "O Guarda-Costas" acabou se tornando parecido demais com sua própria vida. Começaram os rumores de que Whitney havia desenvolvido uma "mentalidade de diva", era difícil de lidar e cada vez menos pontual em seus compromissos.
Whitney voltou à tela dos cinemas em 1995 e 96 com os filmes "Falando de Amor" e "Um Anjo em Minha Vida", que também derivaram em álbuns de trilhas sonoras.
Mas a essa altura ela havia começado a usar excessivamente drogas como cocaína, maconha e medicamentos - foi quando os hits pararam de surgir.
Seu comportamento ficou cada vez mais errático. Em 1992, ela havia se casado com o cantor de hip-hop Bobby Brown, com quem teve a filha Bobbi Kristina, mas a relação tumultuosa entre marido e mulher se tornou um espetáculo público.
O casal se divorciou em 2007, e Whitney ficou com a guarda da filha.
Aos poucos, a voz da cantora, antes cristalina, foi ficando áspera e rouca. Ela já não conseguia chegar às notas musicais altas que lhe haviam alçado à fama.
Whitney internou-se duas vezes em clínicas de reabilitação até declarar-se livre do vício, em 2010. Mas, no meio tempo, ela faltou a shows e foi flagrada portando drogas em um aeroporto.
Em 2001, durante um show de tributo a Michael Jackson, ela estava tão magra que no dia seguinte surgiram rumores de sua morte.
Em 2002, em entrevista à jornalista americana Diane Sawyer, Whitney declarou: "Meu maior demônio sou eu mesma. Ou sou minha melhor amiga, ou minha pior inimiga".
A cantora ensaiou um retorno à cena musical em 2009, com o álbum I Look to You, mas o show criado para promover o disco fracassou.
Ainda assim, a voz de Whitney "tem moldado (o estilo) das intérpretes femininas pelos últimos 30 anos", na opinião do jornalista musical Paul Gambaccini.
No final das contas, disse ele à BBC, Whitney se tornou vítima de um "declínio autoadministrado".
"(A morte da cantora) é uma tragédia, uma vida perdida e um grande talento desperdiçado", agregou.
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