Ímãs para melhorar a memória
Quem nunca se esqueceu de algo e ficou
irritado com isso? Sejam nomes, datas, aniversários ou se até mesmo de fechar o
carro. A construção de memórias está relacionada a vários fatores, porém as
perdas de memória se aceleram com o passar da idade e por doenças
neurodegenerativas.
Agora, através da aplicação de pulsos
eletromagnéticos na cabeça para determinar as regiões do cérebro, os
pesquisadores descobriram uma maneira de aumentar o desempenho da memória em
pessoas saudáveis. Os novos estudos correlacionaram as redes neurais que mantém
as memórias e podem levar à terapias para pessoas com déficit de memória.
A estimulação magnética transcraniana (ou
transcranial magnetic stimulation, TMS) é uma terapia cada vez mais popular
para os transtornos psiquiátricos que envolve a colocação de um certo tipo de
ímã no couro cabeludo para estimular diferentes regiões do cérebro. Embora os
pesquisadores não tenham certeza por que ou como ele funciona, parece beneficiar
alguns pacientes. No ano passado, por exemplo, a Food and Drug Administration
norte-americana aprovou vários dispositivos TMS para o tratamento de enxaquecas
e depressão.
Estudos também têm demonstrado que a
técnica pode melhorar o desempenho em diferentes tipos de testes de memória,
mas alguns pesquisadores têm investigado se os benefícios persistem após a
parada da estimulação.
Após a realização de um teste de memória
para os participantes, a equipe começou as sessões de estimulação cerebral,
incidindo rapidamente pulsos magnéticos em uma área pequena, do tamanho da
ponta de um dedo, em direção à parte de trás do crânio durante 20 minutos por
dia. A localização do estímulo era um pouco diferente entre os indivíduos,
baseado em imagens do cérebro que mostram suas conexões únicas entre o córtex
parietal e hipocampo, Voss explica. Após cinco dias, os participantes receberam
uma pausa de 24 horas da estimulação e foi pedido para eles repetirem o teste
de memória. Pessoas que receberam TMS melhoraram sua pontuação em cerca de 20%
a 25%, enquanto o grupo controle, que não recebeu a estimulação, obteve pouca
ou nenhuma melhora, é o que Voss e seus colegas relatam na revista online da
Science. As varreduras do cérebro também mostraram um aumento na quantidade de
comunicação entre o hipocampo e o córtex parietal em indivíduos que receberam a
estimulação.
Estudos como este levantam a questão ética
de saber se é uma boa ideia usar a tecnologia em pessoas saudáveis para
alterar um cérebro considerado “normal”. Por um lado, não está claro quanto
tempo essa recarregada para melhorar duraria, ou se mudança para o cérebro
poderia ser permanente. E, embora a perspectiva de valorização da memória possa
ser atraente para aqueles de nós que estão sempre acostumamos a perder as
chaves, é possível que o aumento da função em uma habilidade cognitiva diminua
uma outra função, segundo o pesquisador Pascual-Leone: “O cérebro pode ser um
jogo de ‘soma zero’ nesse sentido”.
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