O dia em que a terra parou - 33 anos sem John Lennon
“Paul, levanta! Atende logo
esse telefone, por favor!”
Linda me cutucava. Era de madrugada. Eu
sabia que o telefone estava tocando, tocou diversas vezes, mas eu preferi
ignorar, e continuar dormindo, uma hora a pessoa que telefonava teria que
desistir. Mas a pessoa não desistiu.
Resolvi atender pelo único motivo de poder
falar rápido, desligar, e continuar dormindo. Amanhã eu precisava acordar cedo,
começaria a trabalhar em um novo projeto, e seria um dia longo e cansativo.
Estiquei o meu braço na preguiça de
levantar, e peguei o telefone em cima do criado – mudo.
“Alô?” – Perguntei, e tentei me esforçar
para não ficar com uma voz de sono. No outro lado da linha, tocava uma música
que eu não escutava e muito menos cantava fazia muito tempo, All My Loving,
música que costumava me trazer boas lembranças, tornou a vir em minha mente
cercada de momentos ruins. Comecei a ficar com raiva, pois além da música no
fundo, eu ouvia muitas vozes e muito ruído. – “Alô? Isso é alguma piada?”
“Paul? Você está me ouvindo?
Paul!”
Meu coração bateu mais forte
no momento em que reconheci a voz de Yoko.
“Sim, estou, fale.”
“John! É com o John!”
“John? O que está
acontecendo, Yoko?”
“Você… Não ficou sabendo?”
“Não! O que houve? Ele está
bem?”
“Um louco atirou nele!”
“E como ele está? Onde vocês
estão? Me diz, eu já chego ai, vou me arrumar!’’
“Paul… Ele morreu… Ele não
aguentou, ele morreu.”
Eu deixei o telefone cair no chão. Por um
minuto, eu fiquei cego. Ouvia Linda me chamando no fundo, perguntando o que
acontecia, mas as palavras não saiam da minha boca. Minha mente ficou vazia.
Dentro do meu peito, parecia que tinha alguém apertando o meu coração. Fechei
meus olhos com força, tentando acordar daquele pesadelo horrível. Mas nada
aconteceu. Era real. John estava morto.
O monstro
John Lennon autografando um LP para o assassino
Entrada do Edifício Dakota em Nova York, onde Lennon foi atingido.
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