Hacker de 19 anos diz que fraudou eleições municipais
A segurança das urnas
eletrônicas brasileiras é questionada há algum tempo. Pesquisadores de
segurança e professores universitários já mostram desde 2002 que existem pontos
em que ela falha. Ontem, em um seminário no Rio de Janeiro, um hacker de 19
mostrou que não é apenas nas urnas que existem potenciais problemas. Segundo o
jovem, ele fraudou as eleições municipais desse ano ao alterar dados no sistema
da Justiça Eleitoral.
O hacker, que ficou conhecido apenas com
Rangel por questões de segurança, disse conseguiu acesso à intranet da Justiça
Eleitoral no Rio de Janeiro e interceptou os dados do sistema de totalização de
votos. Ele então pausou a transferência dos dados, modificou os dados
beneficiando alguns candidatos, e deixou o envio prosseguir logo depois. E fez
isso sem deixar rastro algum.
Rangel disse à polícia que ele atuou
quando o envio de dados chegou a 50% e também confessou que não agiu sozinho.
Ele revelou que fazia parte de um grupo pequeno que tinha acesso privilegiado à
rede da Oi, responsável pela infraestrutura da intranet da Justiça Eleitoral.
Durante o seminário, organizado pelo PDT,
PR e Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, também foram relatados outros
casos de fraude que teriam sido “abafados” pela Justiça Eleitoral e que
ocorreram em eleições passadas nas cidades de Londrina no Paraná e Guadalupe no
Piauí, além de eleições nos estados do Maranhão e Bahia.
Um dos coordenadores do seminário,
Fernando Peregrino, disse que “a Polícia Federal não tem dado a esse caso a
importância que ele merece” e cobrou providências. O professor Pedro Rezende,
que leciona criptografia na UnB, disse que as urnas são “ultrapassadas e
inseguras” mesmo que o TSE diga o contrário. E agora sabemos que o sistema de
contabilização de votos da Justiça Eleitoral segue o mesmo esquema.
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