José Mujica: um exemplo para a política.
Uma das peculiaridades de
Mujica foi a rejeição de todas as mordomias e benefícios que acompanham o cargo
de presidente: ele doou mais de 90% do seu salário de 12 mil dólares mensais
(perto de 11 mil euros) e, em vez de ocupar o palácio oficial de Suaréz y
Reyes, Mujica mora numa pequena casa rural e conduz um Fusca azul de 1978. A
residência tem apenas um quarto e é dividida com a mulher, a senadora Lucía
Topolansky, e a cadela Manuela. No seu último dia de governo, lembre as
principais conquistas da herança progressista do presidente uruguaio:
Casamento homossexual: Em Abril de 2013, o
Uruguai tornou-se no décimo segundo país do mundo – segundo da América Latina
depois da Argentina – a aprovar a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Após
a aprovação do senado, Mujica assinou a lei e declarou na ocasião: “não tornar
isso legal seria uma tortura desnecessária para algumas pessoas”. O primeiro
casal a inaugurar a nova legislação foi Sergio Miranda e Rodrigo Borja, juntos
há 14 anos, no cartório de Montevidéu.
Canábis: Após legalizar a venda de canábis
no país, Mujica aprovou em Fevereiro deste ano a regulamentação do uso da droga
para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. Em Dezembro de 2013, o
parlamento sancionou uma lei que regulamenta a produção, venda e consumo de
canábis, mas a comercialização em farmácias está atrasada devido aos sucessivos
adiamentos. “Em nenhuma parte do mundo a repressão ao consumo de drogas trouxe
resultados. É hora de tentar algo diferente”, disse o presidente uruguaio na
época. Atualmente, cerca de 1300 uruguaios têm direito a cultivar certa quantia
da erva para auto consumo, segundo dados da Junta Nacional de Drogas.
Guantánamo: Em Março de 2013, Mujica
aceitou o pedido dos EUA para receber presos vindos da penitenciária de Guantánamo,
situada numa base militar norte-americana em Cuba. Na época, o líder tupamaro
declarou que os abrigaria na condição de “refugiados”, argumentando que o
acolhimento era uma “questão de direitos humanos”. Mujica ainda disse que a
prisão “tem funcionado como uma verdadeira vergonha para a humanidade e muito
mais vergonhoso para um país como os Estados Unidos“. Em Dezembro do mesmo ano,
os EUA confirmaram que seis detidos foram encaminhados para o governo uruguaio.
Refugiados sírios: O chefe de estado uruguaio
ofereceu ajuda para receber dezenas de pessoas, entre crianças e mulheres,
vítimas da Guerra Civil na Síria. Em Outubro de 2014, um grupo integrado por 42
sírios chegou ao país latino-americano para receber asilo humanitário, além de
acompanhamento profissional, emprego e moradia. “Todos vemos televisão e uma
das coisas que tem realmente impacto é a quantidade de crianças abandonadas que
está nos campos de refugiados perto da Síria. Não podemos fazer algo como sociedade?”,
questionou o mandatário uruguaio. “Dar ao mundo uma mão não significa cortar a
identidade ou ter crianças roubadas da dor, mas simplesmente uma prática
familiar da solidariedade”.
Lei de Meios: Em Dezembro de 2014, o
legislativo uruguaio aprovou uma lei que regulamentará a reforma no setor de
telecomunicações no país, intitulada Ley de Servicios de Comunicación
Audiovisual. Com o apoio de Mujica, a iniciativa será regulamentada pelo
governo do sucessor Tabaré Vázquez, que também é do mesmo partido, o Frente
Ampla. O intuito da lei é evitar a concentração econômica no sector de
telecomunicações e fomentar a diversidade e a pluralidade na oferta de serviços
e de conteúdos. “A pior ameaça que podemos ter é que alguém de fora, ou por
baixo, ou por cima, acabe por se apropriar. Para ser mais claro: eu não quero
que o Clarín ou a Globo sejam donos das comunicações no Uruguai”, comentou
Mujica.
Aborto: Desde Dezembro de 2012, as
mulheres uruguaias podem interromper a gravidez em segurança e na legalidade
até à décima segunda semana de gestação. Um balanço oficial do governo uruguaio
informou que, no período de um ano de vigência da Lei de Interrupção da
Gravidez (lei do aborto), foram realizados 6676 abortos seguros – nenhuma
mulher faleceu.
Fonte: Esquerda.net
"José Alberto Mujica Cordano, conhecido
popularmente como Pepe Mujica nasceu em Montevidéu no dia 20 de maio de 1935, é
um agricultor e político uruguaio e ex-Presidente da República Oriental do
Uruguai.
Mujica teve importante papel no combate à
ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985). Na guerrilha, coparticipou de
assaltos, sequestros e do episódio conhecido como Tomada de Pando, ocorrido em
8 de outubro de 1969, quando os tupamaros tomaram a delegacia de polícia, o
quartel do corpo de bombeiros, a central telefônica e vários bancos da cidade
de Pando, situada a 32 quilômetros de Montevidéu. Mujica passou 14 anos na
prisão, de onde só saiu no final da ditadura, em 1985.
Já foi deputado, ministro da Pecuária,
Agricultura e Pesca e, durante a juventude, militou em atividades de guerrilha,
como membro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros.
Mujica é ateu. É casado com a também
ex-militante Lucía Topolansky, sua companheira há quase 40 anos. Mujica recebia 12.500 dólares mensais por seu trabalho à frente do país, mas doava 90% de seu
salário para ONGs e pessoas carentes. Mora em sua pequena fazenda nos arredores
de Montevidéu e para ele o restante que sobra do seu salário (cerca de R$
2.800,00 ou 900 €) é o suficiente para se manter. “Este dinheiro me basta, e
tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com bem menos”, diz o
presidente."
Fonte: wikipedia
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