Elefantes são capazes de identificar linguagens humanas


     Um elefante nunca esquece - especialmente quando se ouve o som de um predador a aproximar-se.
     Mas os cientistas nunca entenderam realmente quão aguçada é a audição dos elefantes até pesquisadores tentarem descobrir se os paquidermes eram capazes de distinguir entre os sons feitos por diferentes grupos de seres humanos.
     Descobriu-se que os elefantes – conhecidos como mamíferos altamente inteligentes – podem identificar diferentes géneros, idades e até mesmo diferentes etnias em vozes humanas. Um talento notável que ressalta a sensibilidade destes animais.
     Para revelar o quão aguçada é a capacidade auditiva dos elefantes, os pesquisadores gravaram vozes de homens, mulheres e crianças a partir de dois diferentes grupos étnicos africanos: os Maasai, criadores de gado, que frequentemente entram em conflito com os elefantes, e os Kamba, agricultores que raramente encontram elefantes.
     Os pesquisadores gravaram a frase “Olha, olha lá: Um grupo de elefantes está a chegar”, dita por pessoas das duas etnias. Os resultados, publicados na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, mostraram que os elefantes ignoraram a maior parte dos sons de mulheres ou crianças dos Maasai.
     Os animais também não reagiram aos sons dos homens da etnia Kamba. No entanto, ao ouvir os sons dos homens Maasai, que faziam a maior parte da caça, os elefantes exibiram imediatamente comportamentos defensivos. Rapidamente formaram amontoados, protegeram os filhotes e elevaram as suas trombas para farejar o ar.
     “A capacidade de distinguir entre Maasais e Kambas que disseram a mesma frase na sua própria língua, sugere que os elefantes podem distinguir entre diferentes linguagens”, disse Graeme Shannon, co-autor do estudo.
     Isso não significa que os elefantes sejam capazes de entender palavras humanas, mas sim que podem distinguir entre diferentes idiomas, talvez com base em padrões vocais, inflexões e outros sinais auditivos específicos de cada língua.
     Num outro estudo recente, publicado na revista PLoS One, os cientistas descobriram que os elefantes avisavam os seus companheiros na presença de perigo iminente, de forma distinta para cada ameaça.
     Por exemplo, o som de um enxame de abelhas furiosas, fez com que os elefantes emitissem sons de certa frequência. O som de homens, no entanto, causou diferentes tipos de frequência.
     Autor de vários livros sobre comportamento animal, Frans van der Waal escreveu que “quanto mais entendermos sobre como os elefantes reagem ao mundo físico e social, mais capazes seremos de trabalhar de forma eficaz para protegê-los na natureza”.

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