Polícia americana pode exigir desbloqueio de smartphone a suspeitos
É um fato que os órgãos governamentais não
gostaram muito da criptografia nativa do iOS e do Android e vêm tentando de
todo jeito contornar meios de voltar a acessar os dados dos usuários de
smartphones. Se a coleta de dados se mostra um tanto inviável, por outro lado
forçar acesso a aparelhos de suspeitos, ao menos nos Estados Unidos, é um
problemão daqueles, principalmente devido à Quinta Emenda, seguindo princípio
de que ele não pode gerar provas contra si.
Só que um juiz do estado da Virgínia
entendeu que o mesmo não se aplica a smartphones e tablets bloqueados com
chaves biométricas.
O caso envolve David Baust, um capitão do
Emergency Medical Services preso em fevereiro sob a acusação de tentar
estrangular a namorada. A promotoria queria forçar a quebra de sigilo de seu
smartphone, forçando-o a fornecer a senha para ter acesso a provas de vídeo que
sustentassem a acusação. Problema: o advogado de Baust James Broccoletti argumento
que senhas são protegidas pela Quinta Emenda, já que o suspeito não poderia
fornecer dessa forma provas contra si mesmo.
Nesta semana saiu a decisão do juiz Steven
C. Frucci: ele concorda com a alegação de Broccoletti ao dizer que “fornecer uma
senha é divulgar conhecimento, algo que a lei protege”, porém uma chave
biométrica que utilizada impressões digitais para desbloquear um smartphone
“não é diferente de uma coleta de DNA, de uma amostra de escrita à mão ou de
uma chave física”, e isso já é devidamente regulamentado. Trocando em miúdos,
um policial dos Estados Unidos pode em tese exigir que um suspeito utilize seus
dedinhos para desbloquear o Touch ID de seu iPhone ou abrir qualquer outro
aparelho que utilize sensores biométricos (como os Galaxies S5 e Note 4) sem
que isso vá contra à Constituição.
O caso aqui é que o juiz agiu com destreza
ao separar fornecimento de conhecimento com identificação de indivíduos.
Coletar digitais é algo absolutamente regulamentado, e um suspeito toca piano
em seu smartphone não é diferente do que na cartela da polícia segundo o juiz,
e como o Wired bem apontou lá atrás isso não configura um testemunho, “pois não
revela o que está dentro da mente do suspeito”.
Não foi mencionado até agora se o aparelho
de Baust é protegido por biometria, portanto esse seria um movimento da
promotoria tentando contornar a situação. Claro, há a possibilidade de o
smartphone ter bloqueio duplo, o que pode levar a uma situação em que nada
muda.
Fonte: AT.
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