Internet está afetando a mais antiga das profissões
Chamada de mais antiga das
profissões, a prostituição existe desde sempre. Sequer é exclusividade humana.
Pinguins e macacos também a praticam. Nos velhos tempos teve status de prática
sagrada, com templos dedicados, sacerdotisas bem pagas e legislação protegendo
os direitos das mulheres envolvidas, mas na média é uma atividade disseminada
em todas as culturas humanas, mas sempre mal vista, ao menos publicamente. Nem
mesmo o movimento feminista é como um todo amigável, há alas que atacam a
prostituição com furor digno de um pastor conservador, enquanto outras toleram
e outras aceitam que liberdade sobre o próprio corpo inclui fazer coisas que
outros não aprovem.
Não que isso tenha afetado a clientela, os
mesmos hipócritas que atacam a prostituição no palanque ou no púlpito de noite
estão no Bataclan confraternizando com as meninas. A ameaça agora é outra, e
nem tem a ver com o surto de moralismo que o mundo vive. A culpa é da…
internet.
Não que isso tenha afetado a clientela, os
mesmos hipócritas que atacam a prostituição no palanque ou no púlpito de noite
estão no Bataclan confraternizando com as meninas. A ameaça agora é outra, e
nem tem a ver com o surto de moralismo que o mundo vive. A culpa é da…
internet.
Mais precisamente dos aplicativos
de encontros.
Seguindo a regra de que sempre existe um
sapato velho pra um pé cansado, gente que normalmente seria inepta demais para
interagir socialmente e encontrar parceiros para o terrível crime de formar o
monstro de duas costas agora com sites e apps como Tinder e Grindr (nota
mental: não confundir os dois, novamente) consegue achar semelhantes, mesmo que
igualmente ineptos nos parangolés da sedução.
O problema é que normalmente essa gente
saciaria seus desejos de conjunção carnal através de profissionais do sexo, que
estão sendo deixadas de lado em prol dos encontros marcados via apps. Na Nova
Zelândia as damas que trocam favores por dinheiro estão vendo seu mercado ser
dizimado pela internet. Várias estão migrando para a Austrália em busca de
novos clientes, mas as Damas da Noite de Sidney também estão chupando dedo. E
só dedo.
Os mais afetados são os garotos de
programa, a predisposição masculina natural pra safardanagem torna muito mais
fácil assimilar o conceito de sexo casual, então o sujeito prefere entrar no
Grindr, postar uma foto, dizer o que está a fim e achar um voluntário para
saciar seus desejos antinaturais, ignorando as terríveis consequências
sísmicas. É mais flexível e economicamente interessante do que a relação
comercial, com relógio correndo.
É uma mudança social muito interessante,
que merece ser estudada. Normalmente essas quedas no consumo de prostituição
estão associadas a surtos conservadores, dessa vez a questão não é moral, é
prática. Não há variação no estigma social, profissionais do sexo terão que
fazer mais do que estar disponíveis para atrair a clientela.
Algumas profissionais perceberam que a
única chance de sobreviver é se profissionalizando, então estão investindo
em sites como o Madam, que junta a fome
com a vontade de comer alguém, permitindo que clientes e fornecedores (em
alguns casos são consumidores, não temos preconceito) interajam, com
informações de geolocalização e troca de informações, inclusive sobre clientes.
O foco do site é segurança para todos os envolvidos, isso evita que as moças e
moços virem figurante de CSI e evita também que o cliente acorde em uma
banheira de gelo, sem o rim e a carteira.
Os bons tempos vão se tornar apenas
memórias dessas moças tristes, ao menos da maioria. As que se reciclarem e
aprenderem a usar as novas ferramentas, se darão bem, mas exigirá todo um
investimento de relações públicas, que são bem mais complicadas do que as
privadas. Bem, ninguém disse que as mulheres de vida fácil teriam vida fácil
online.
Fonte: S.
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