Alerta geral no Facebook: rede social está perdendo público adolescente
Que o público adolescente
está debandando do Facebook talvez não seja novidade para você. A surpresa
mesmo é se deparar com a companhia reconhecendo o fenômeno, embora ressaltando
que a escala do problema não é tão dramática assim.
No último dia 30, o Facebook divulgou seu
relatório financeiro referente ao terceiro trimestre do ano e, durante a
conferência que precede a apresentação destes números, David Ebersman, diretor
de finanças da empresa, não teve como esconder a redução do número de usuários
na faixa entre 12 e 19 anos no período, ainda que tenha frisado, como que para
tranquilizar os acionistas, não haver dados suficientes para comprovar esta
onda.
O próprio Mark Zuckerberg havia negado
esta percepção recentemente, mas já há algum tempo o que fenômeno vem sendo
notado. Em abril desde ano, por exemplo, a empresa de consultoria Piper Jaffray
entrevistou 5.200 adolescentes norte-americanos e constatou que 33% deles
tinham o Facebook como a sua rede social online preferida. O problema é que, no
segundo semestre de 2012, esta proporção era de 42%.
Se existe mesmo uma rejeição crescente do
público jovem pelo Facebook, quais seriam as suas motivações? Segundo um
levantamento feito pela Right Mix Marketing, a busca por uma rede de contatos
mais privada, longe da presença dos pais, é uma das causas mais importantes.
Neste aspecto, a sensação de vigilância ao
ter pais, tios ou avós entre os contatos é o fator mais preocupante,
principalmente quando o familiar dá sinais de sua presença com curtidas ou
recados frequentes.
O constrangimento também é um ponto a se
observar: comentários dos pais em conteúdo que diz respeito somente aos amigos,
como uma foto de uma festa, não raramente causam mal-estar. A situação fica
pior quando, com o comentário, a figura adulta deixa claro não ter entendido o
contexto do post.
Mas não dá para colocar a culpa só nos
pais. Acima de tudo, há a questão do comportamento orientado pela busca de
aceitação social. Pelo menos na América do Norte, os jovens têm preferido
serviços como Snapchat, Instagram e WhatsApp não só para se proteger da
intromissão dos familiares, mas principalmente porque todos os seus amigos
estão lá.
Uma matéria publicada pelo Mashable em
agosto é um retrato conciso deste cenário. Nela, uma adolescente de 13 anos
relata ter criado uma conta no Facebook, mas não enxergar motivos para
utilizá-la com frequência simplesmente porque seus amigos também não o fazem.
“Meu único amigo lá é, tipo, a minha avó”, explicou.
A “alma” móvel de serviços como WhatsApp e
Snapchat contribui enormemente para a sua aceitação. A maioria dos adolescentes
de hoje chegou ao ambiente escolar já tendo um celular nas mãos. As opções de
comunicação e “socialização” destes dispositivos são suficientemente boas para
que eles não precisem recorrer aos desktops ou laptops.
“O Facebook tem versão móvel”, você pode
dizer, mas esta opção é fruto de uma adaptação. WhatsApp, Snapchat e afins
nasceram móveis e, muito provavelmente, morrerão como tal.
Mas, do ponto de vista corporativo, não há
mesmo razões para pânico, pelo menos por enquanto. Os números dos resultados
financeiros também mostraram que o Facebook continua firme e forte, tendo
registrado a marca de 1,19 bilhão de usuários ativos somente no mês de
setembro, com 874 milhões destes acessos vindo a acontecer via celular.
Além disso, é necessário considerar que o
desinteresse dos jovens não é generalizado, mesmo nos países em que o fenômeno
é mais notável, como é o caso dos Estados Unidos. Enquanto o Facebook continuar
crescendo em volume de usuários e negócios, estará tudo bem, ainda que o
público jovem não responda tão bem por estes números.
Fonte: TechCrunch
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