A história dos médicos que mudaram a história da Medicina ao pedir que os cirurgiões lavassem as mãos

Dr. Oliver Wendell Holmes
     No século XIX, um dos melhores indicadores da experiência e conhecimento de um médico era o estado de seu avental. Quanto mais sujo de sangue, pus e outros fluídos, melhor. A sujeira das vestes era uma orgulhosa demonstração de que aquele profissional havia realizado várias intervenções, que lhe davam a experiência necessária para cuidar de seus pacientes.
     É óbvio dizer que qualquer noção de higiene passava longe dos cirurgiões, que iam de uma amputação a um parto sem sequer passar água nas mãos.
Porém, quando o médico inglês Oliver Wendell Holmes percebeu uma incidência alarmante de febre puerperal em mulheres que haviam dado a luz no "Boston Dispensary" por volta de 1840, ele começou a desconfiar que talvez as condições de higiene pudessem ser responsáveis pelas infecções e contaminações, e que na verdade eram os médicos que estavam passando a doença para as pacientes.
     Vindo de uma família abastada, depois de desistir no meio de um curso de Direito, Wendell Holmes dedicou-se à Medicina, sem nunca concordar com os métodos de seus colegas, para os quais sangrias e purgações eram a solução padrão para todos os males. Seu grande mentor, James Jackson, também era favorável a uma observação mais detalhada dos sintomas antes de qualquer tomada de decisão, e incentivou Wendell Holmes a fazer um curso na França, onde teve contato com as técnicas mais avançadas da época. Com pouco mais de 20 anos, era um dos mais bem treinados médicos americanos no método "clínico" da famosa École de Medicine, onde percebeu que as sangrias e purgações, ao invés de curar, apenas abreviavam a vida dos pacientes.
     E foi com este espírito observador e investigativo que as suspeitas de Wendell se intensificaram, ao conhecer casos de médicos que haviam ficado muito doentes e até morrido depois de cortar-se com instrumentos usados em mulheres com febre puerperal.
Vale lembrar que já existiam na época teorias sobre a existência de seres invisíveis a olho nu que seriam os responsáveis pelas doenças infecciosas, como varíola por exemplo, que eram chamados de "vermes" ou "germes", porém elas eram muito contestadas e pouco levadas à sério pela maioria dos profissionais.
     Foi a partir disto que ele começou a disseminar entre os médicos a ideia de que eles teriam a "obrigação moral de purificar" seus instrumentos e queimar as roupas utilizadas ao tratar mulheres com febre puerperal, além de afastar-se de tratamentos de gestantes durante 6 meses após a incidência de um caso.
     Sua teoria foi muito contestada, e um de seus principais opositores, um médico chamado Charles D. Meigs chegou a declarar que as medidas de Wendell Holmes eram absurdas, visto que "Médicos são cavalheiros, e as mãos dos cavalheiros estão sempre limpas". Em outra de suas "pérolas", afirmava que a anestesia nunca deveria ser aplicada em procedimentos obstétricos, pois baseando-se nas escrituras, as mulheres "mereciam" sentir as dores.
     Porém, outros estudos realizados na Europa poucos anos depois comprovaram uma relação direta entre as medidas de higiene e a incidência de febre puerperal, que depois ficaria conhecida como "A Peste dos Médicos ".
Fonte: Rioblog

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