Um novo tratamento para a supertuberculose
A tuberculose já foi uma das doenças que
mais mataram na história. O Mycobatcetium tuberculosis, popularmente conhecido
como bacilo de koch (em homenagem ao patologista alemão Robert Koch que o
identificou em 1882, descoberta que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em
1905) é uma bactéria pra lá de nociva, já que se propaga pelo ar. Ela foi causa
de mortes aos borbotões desde a introdução da Agricultura e Pecuária, já que o
contato com o gado pode ter propiciado a evolução da bactéria e por tabela
também gerou nosso primeiro contato com o vírus da varíola.
Todos os anos cerca de 1,7 milhão de
pessoas morrem de tuberculose, muitos por não ter acesso ao tratamento, mas uma
boa parcela por negligência por parte dos pacientes: o tratamento com
antibióticos deve ser seguido à risca e pelo período prescrito (geralmente seis
meses), mesmo que não hajam mais sintomas. Acontece que boa parte dos pacientes
abandona o tratamento após os primeiros sinais de melhora, e obviamente o curto
prazo de aplicação dos remédios não foi o suficiente para eliminar o bacilo.
Isso acaba por selecionar as cepas mais resistentes, que se multiplicam e
voltam a atacar o organismo, e nesse caso o tratamento convencional não mais
surte efeito. Na maioria das vezes, o resultado final é o óbito.
Por conta de tanta gente fazendo o
tratamento da tuberculose de qualquer jeito, era evidente que populações do
bacilo de koch evoluiriam para cepas tão resistentes que nenhum antibiótico
normal surte efeito, as chamadas tuberculose multidroga resistente (MDR) e
tuberculose extensivamente resistente (XDR), ou simplesmente supertuberculose.
Estudos recentes mostram que ela é mais comum do que parece e ao contrário de
muitas infecções com superbactérias que normalmente ocorrem em hospitais, seus
focos estão espalhados por aí, infectando e matando muita gente.
Porém cientistas britânicos e suecos podem
ter desenvolvido um tratamento alternativo que tem mostrado resultados
satisfatórios. Uma equipe chefiada pelo prof. Alimuddin Zumla da University
College London realizou testes em trinta pacientes portadores de tuberculose
MDR, onde eles receberam injeções de células-tronco de suas próprias medulas
ósseas. Como elas conseguem reparar tecidos, danificam e alteram a resposta do
sistema imunológico, Zumla e o Dr. Markus Maeurer do Hospital Universitário
Karolinska em Estocolmo resolveram testar se as células poderiam combater a
doença diretamente no foco.
Os resultados foram animadores: em seis
meses mais da metade dos pacientes estavam curados. Claro, o tratamento com
células-tronco deve ser administrado em conjunto aos antibióticos e por
enquanto ainda causa alguns efeitos colaterais como náuseas, baixas quantidades
de células do sangue, aumento de colesterol e diarreia. Ainda assim o prof.
Zumla está animado:
Considerando que normalmente o tratamento
consiste em utilizar antibióticos restritos fortíssimos e tóxicos, essa é uma
senhora descoberta que todos nós agradecemos. O artigo foi publicado na The
Lancet.
Comentários