Facebook quer ampliar o alcance de redes móveis com o OpenCellular


     O Facebook assumiu a missão de levar internet para lugares isolados ou com infraestrutura precária quando criou a divisão Internet.org. Muita gente desconfia das reais intenções da companhia com a iniciativa, mas, a despeito disso, ideias continuam saindo dali. A mais nova foi apresentada por ninguém menos que Mark Zuckerberg: a plataforma para acesso sem fio OpenCellular.
     Do ponto de vista tecnológico, o projeto não tem nenhuma grande novidade. A OpenCellular consiste, basicamente, em um dispositivo que tem mais ou menos o tamanho de uma caixa de sapatos e que deve ser instalado em áreas abertas — em um poste de iluminação ou no lado externo de um prédio, por exemplo.
     Na parte inferior, a caixa contém conectores para antenas, entradas para cabos de dados e uma porta para conexão de baterias externas ou de um sistema de alimentação via energia solar. Por ficar permanentemente em exposição, o dispositivo foi projetado para suportar ventos fortes, chuvas, temperaturas extremas e outras.
     A caixa foi desenvolvida para disponibilizar acesso sem fio à internet em áreas que têm pouca ou mesmo nenhuma cobertura de redes móveis. Isso acontece principalmente em regiões rurais ou afastadas de grandes centros urbanos. Dá para pensar na OpenCellular como um equipamento que amplia o sinal da rede móvel, seja ela 2G, 3G ou 4G. Cada caixa suporta até 1,5 mil conexões simultâneas e pode, com as antenas apropriadas, cobrir áreas dentro de um raio de até 10 quilômetros.
     Houve também cuidados para reduzir ao máximo a necessidade de procedimentos de manutenção no aparelho, o que faz bastante sentido: como a caixa foi desenvolvida para ser instalada em regiões remotas, equipes de assistência técnica provavelmente não estarão disponíveis prontamente para realizar reparos ou ajustes regulares.
     Segundo Kashif Ali, engenheiro que lidera o projeto, a infraestrutura móvel tradicional é muito cara, razão pela qual muitas operadoras encontram dificuldades (ou simplesmente resistem à ideia) para levar a rede a lugares isolados ou de difícil acesso. Está aí o primeiro grande diferencial da OpenCellular: o equipamento é de baixo custo.
     Outro benefício apontador por Ali: para facilitar a implementação e permitir que o equipamento seja adaptado às mais diversas necessidades, a OpenCellular deve ser transformada em uma plataforma aberta em breve. O software do projeto terá código aberto, assim como as especificações de design do dispositivo, portanto.
     Para reforçar a abrangência da iniciativa, o Facebook pretende ainda se filiar ao Telecom Infra Project (TIP). Dessa forma, uma comunidade de especialistas em telecomunicações poderá contribuir com a OpenCellular. Essa medida deve até dar abertura para que operadoras, fabricantes de hardware, governos e outras organizações criem versões próprias do equipamento.
     Está nos planos do Facebook liberar as primeiras unidades da caixa já neste trimestre. Por ora, organizações interessadas podem pedir mais informações sobre o projeto pelo email opencellular@fb.com.





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